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sábado, 12 de outubro de 2013

Gabriel, e a ideia de um best-seller que desceu pelo ralo.

Ela nunca teve um
nome.
Sabe, nunca a batizei
sou péssimo nessas coisas
ela não tinha um
simplesmente.
A única coisa que eu sabia
era de um câncer
que lhe fazia apagar
aos poucos.
Se chamava Gabriel
e não pense que foi eu
quem escolheu esse nome
merda, já disse que
não sou muito bom nessas coisas.
Gabriel, foi assim que ela
o batizou.
E era meio louco
porque
eles conversavam.
Assim ela me dizia:
"Ei cara, hoje conversamos
sobre a minha cabeça raspada.
Ele me disse que
eu tinha cabelos lindos."
E então chorava.
Eles brigavam:
"Oh Gabriel, por que diabos
você faz isso comigo?
Não ver que estou sofrendo!?"
Mas logo faziam as pazes
pois só lhes restavam
um ao outro
até o fim dos seus dias.

Eu estava fazendo qualquer coisa
sem importância
quando isso me veio à cabeça.
E foi como se eu
realmente pudesse
deixar de coçar o saco.
E por alguns meses
cheguei a cogitar essa ideia
ambiciosa demais.
Venderia bastante, eu sei.
E então eu teria carros importados,
casas na colina,
mulheres interessadas apenas no meu dinheiro.
Teria falsos amigos
e talvez até me venderia.
Seria complicado.
Eu doaria uma merreca
para qualquer instituição
só para fazer o livro
vender ainda mais.
E teria comerciais de tv,
entrevistas e minha conta
cada vez mais gorda.
Seria cruel!
Ah...deixa esse diamante
sem ser lapidado.
Que outro louco filho da puta
roube o meu lugar
no inferno.
E que ele seja bom em nomes.

Verline.